Montag, 31. August 2009

A crise da Igreja: o desafio da modernidade

A Igreja, de fato, como acabamos de explicar, muitas vezes falhou na tarefa de acompanhar a evolução da sociedade, esquecendo que o próprio evangelho, a boa -nova, põe a incarnatio no centro da fé cristã, O medo dos pios de lidar com este murfdo em liberdade parece um tanto irracional porque, de fato, a Igreja não tem motivo para se fechar à modernidade, pois ela sempre deve acompanhar a sociedade em seu respectivo momento; melhor seria ainda se a Igreja assumisse sua liderança espiritual e moral, tornando-se vanguarda.

É possível aplicar aqui também a regra sábia da homilética: o predicador deve ler com atenção a Bíblia e o diário, uma vez que ele deve tomar em consideração as circunstâncias concretas dos ouvintes que ele procura alcançar. Não deve falar tanto dos efésios e coríntios, mas muito mais dos berlinenses, recifenses ou dos gaúchos.

Existe, nos púlpitos, o permanente e grave perigo do sermão que não tem hora nem lugar, da prédica que poderia ser proferida igualmente no ano de 1800 ou 1900 ou 2000, seja no Recife, em Nova York, em Paris, Londres ou Berlim. Seja entre os judeus, entre gregos, abissmnios, egípcios, angolanos, moçambicanos, pigmeus, turcos, árabes, hindus, vietnamitas, chineses ou timorenses (Deus, porém, na pessoa histórica que se chama Jesus de Nazaré, encarnou-se neste mundo e ainda nos deu seu espírito santo, a fim de que se evite estagnação e se estimule a criatividade, da qual vive o mundo!).

Disse R. Seeberg (An der Schwelle des zwanzigsten Jahrhunderts, Leipzig 1901, p. 72, 73-74), com toda razão:

Como são raras idéias novas, novos aspectos, uma psicologia religiosa, relações práticas e concretas nos sermões modernos! A dogmática mais correta será aquela que leva à melhor maneira de predicar! - O que o predicador de hoje antes de tudo precisa é dedicação; compreensão da vida do homem moderno, o convívio com a sua comunidade e uma forte e própria vida religiosa perante o Senhor.

De qualquer maneira, ó que importa é que o padre ou pastor deve ser necessariamente agente sociopolítico no meio de sua comunidade e de todo o município em que vive e age. Disso vive a nossa sociedade. Ela depende de membros maduros e capazes para raciocinar e atuar.

Aprendi de Martin Luther King:

Não nos é permitido esperar que Deus, com um espetacular milagre, elimine o mal deste mundo. Enquanto cremos isso, Deus não vai escutar as nossas orações, porque lhe pedimos fazer o que ele nunca fará. Deus não vai fazer tudo para o homem, e o homem não pode fazer tudo sozinho. Temos que reconhecer que se trata de superstição esperarmos que Deus vá atuar enquanto nós ficamos passivos. Ou, como diz o brasileiro: Deus nós dá as nozes, mas somos nós que temos que tirar a casca! Ou ainda, o que diz o bispo ao jovem padre na hora da ordenação: você pode contar com a benção do Senhor. Conte com a bênção dele para seu trabalho, mas não espere que ele também faça o serviço em seu lugar.

Creio que seria muito importante para cada comunidade cristã que seu padre ou pastor, por exemplo, fosse capaz de apresentar uma Radiografia do Brasil sempre atualizada, a fim de oferecer aos fiéis uma orientação global neste mundo complicado, que pelo menos comece diretamente ao passar o portal do templo, não, melhor: os fiéis, ao entrar, o trazem ao culto dentro de suas cabeças. Aí não basta falar do Bom Jesus, como ele andou na Terra Santa tão remota - onde, aliás, reinam a morte e o homicídio hoje em dia - e onde o Salvador proferiu seu sermão do monte. Os pastores têm o compromisso sagrado de guiar as suas ovelhas em seu tempo e espaço. O pregador deve conhecer este mundo, suas leis e sua história, e deve ser mais sábio, mais culto, mais educado e mais instruído do que os seus fiéis e até do que todas aquelas autoridades grandes e pequenas que vivem no mesmo tempo e espaço. Nada mais triste do que um líder ignorante, um pastor que não sabe como cuidar das ovelhas. Os pastores devem ser bons teólogos e bons sociólogos e também devem ser firmes e atualizados em matéria de história, da ciência! A ciência moderna, inclusive a tecnologia eletrônica, significa um processo, uma dinâmica de transformações, que deveria indicar um caminho rumo ao futuro, e a Igreja - melhor: a cristandade - deve responder de maneira madura e inteligente.

Ninguém poderia dizer o que vai ser o futuro da Igreja como tal, mas pode-se dizer hoje com firmeza: ou o Cristianismo se mostra aberto para uma evolução ou ele chegou ao seu fim. A Reforma não foi a renovação do Crisfianismo primitivo, mas um novo tipo de Cristianismo. Se o Cristianismo quiser perdurar, não apenas a sua forma, mas também a sua substância devem estar abertas para o desenvolvimento. Quem deseja reduzir a Igreja ao modelo da comunidade primitiva ou ao padrão da reforma do século XVI está negando a razão de ser da Igreja. Também o Novo Testamento ou a suposta doutrina do Jesus histórico não podem ser simplesmente transferidos ao mundo presente. Sem a separação entre verdades temporárias e verdades evidentes e permanentes, não podemos avançar (Loewenich, Die Aufgabe des Protestantismus in der Gegenwart, Schweizerische Theologische Umschau Nr.1, 350 ano, Bern, Junho de 1965, p. 7).

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